quinta-feira, 23 de abril de 2009

Jazida de pistas de dinossauros da Ribeira do Cavalo, Sesimbra.

Segundo o jornal do Centro de Arqueologia de Almada, al-madan 11ª série nº 4 Outubro de 1995, a jazida de pegadas de dinossáurio da Ribeira do Cavalo foi descoberta, em 1989, pelo Prof. Miguel Magalhães Ramalho, do Instituto Geológico e Mineiro. As pegadas encontravam-se impressas numa camada bastante inclinada de calcário micrítico do Jurássico superior, depositado em ambiente de laguna litoral, relativamente confinada e pouco profunda. A laje em causa apresentava, pelo menos, doze pistas paralelas de pegadas tridáctilas produzidas por dinossáurios terópodes (bípedes, carnívoros) muito bem conservadas. Na mesma laje existia ainda, uma pista de dinossáurio saurópode (quadrúpede, herbívoro) constituída basicamente por impressões muito profundas das extremidades dos membros anteriores. Estas impressões dos autópodes anteriores (das “mãos”) de saurópode apresentavam, de modo muito claro, as marcas dos dígitos e, por isso mesmo, eram consideradas o melhor registo mundial deste tipo de icnofósseis de saurópodes.

Mais de dois anos se decorreram desde a data do pedido de protecção da jazida e a sua derrocada. Durante esse período de tempo várias acções foram realizadas no sentido de acelerar o processo de classificação, dada a situação periclitante da laje que continha as pegadas. Foi enviada uma carta à Câmara Municipal de Sesimbra pedindo que fossem tomadas medidas no sentido de consolidar a laje. Foi contactado o ministério da tutela, o Ministério do Ambiente, solicitando, repetidas vezes, entrevistas à senhora ministra Teresa Patrício Gouveia no sentido de alertar para a urgência da resolução do problema, mas sem qualquer sucesso. Por fim, foi solicitada uma entrevista com o senhor Secretário de Estado do Ambiente, Joaquim Poças Martins, que acabou por ficar agendada para o dia 31 de Março de 1995.

Em 9 de Março de 1995 o inevitável aconteceu, a laje ruiu, ficando assim uma jazida de pegadas de dinossáurios com importância mundial reduzida a um monte de escombros.


Pedreira do Galo, o Monstro visto do mar!

4 comentários:

  1. Caríssimo,

    É com muito gosto e orgulho em ti que assisto ao lançamento deste blog. És com certeza a pessoa mais indicada e com mais exemplos a revelar de uma ausência total da palavra “Ambiente” das cabeças dos pequeninos dirigentes políticos que temos nesta grande terra, cujo problema é não lhe darem o devido valor, nem explorarem de forma racional o potencial que esta tem.

    Este blog pode ser muito útil para dar a conhecer não só as atrocidades cometidas ao património natural, mas como a beleza excepcional desta pouco acarinhada natureza local. Tenho visto terras com muito menos a fazer muito mais, talvez seja a fartura....

    Assim, alertas não só a classe política, como de resto tens feito e que de uma forma sistemática tem ignorado fazendo prevalecer os interesses económicos de algumas famílias em detrimento do património natural inestimável desta terra, mas também aqueles que neles irão votar, ou não, esperemos...

    Não percebo muito de política mas sempre entendi o Partido Comunista como um partido virado para o povo, para as suas necessidades e empenhado na igualdade de oportunidades e condições, no entanto, pelo o que vejo nestas décadas de poder político em Sesimbra, faltou-lhes dar o devido valor à base de todas as coisas - A Mãe Natureza - Ignorando o princípio elementar de que quando as sapatas nascem tortas os pilares nunca podem ser direitos...

    Sei que tens a força necessária para desempenhar este importante papel na comunidade, porém, no que precisares de mim, podes contar.

    O teu grande amigo,

    A minha Mãe é uma lady.

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  2. obrigado amigo.
    Comecei isto porque já ando há algum tempo desconfortavelmente calado.

    Um abraço.

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  3. Só uma pequena nota, a lage foi deliberadamente transformada em brita, não foi um simples deslizamento de camadas...e olha isto faz-me lembrar arqule algar maravilhoso!...pois esta lage só estava na pedreira do "poderoso" Galo. Diz-se no Zambujal um homem morreu quando dormia na sua própria casa, com um projéctil de rebentamento da pedreira, sim, porque o Zambujal inicialmente não era uma pedreira, muito provavelmente seria um casal com zambujeiros, depois uma povoação, e agora umas casas empoeiradas, rachadas, com um abismo ao lado...contam que haviam lapas, exsurgências tudo derretido em brita, e por último que este tal de galo, mandou mover o próprio marco marco geodésico 300m para poente para poder laborar e derreter a serra em brita. Pagou uma mísera coima e vamos a isso! É assim em Protugal, impunes e protegidos pelo instituto geológico e mineiro que concede licenças a quem lhe apareça pela frente!...

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